Amado Irmão, amada irmã em Cristo Jesus! Estamos vivendo a QUARESMA.
Por que falar em Dízimo se o assunto principal deveria ser a Quaresma e seu sentido de penitência e preparação Pascal?
Porque o Dízimo tem uma dimensão de sacrifício, na medida em que nos educa a separar uma parte para Deus e, com isso, nos leva ao despojamento e à capacidade da partilha – algo somente possível para quem é liberto da tendência egoística na qual jaz toda a natureza humana.
É claro que encontramos a dimensão sacrifical em muitas outras realidades da Igreja, especialmente no jejum, na oração e na esmola conforme se ouvirá nas leituras e pregações do período Quaresmal – mas o verdadeiro sentido do Dízimo só pode ser alcançado quando contempla estas realidades.
O Jejum nos ajuda a refletir muito, muitas vezes não valorizamos o alimento que temos, desperdiçamos, não pensamos no outro que não tem, alimentamos a gula. O verdadeiro jejum é fazer a vontade do Pai, e – nós refletimos – entregar o Dízimo só tem valor autêntico quando o dizimista o entrega procurando corresponder ao chamado a uma generosa solidariedade cristã.
A Oração é a forma excelsa de diálogo com Deus e, se o dízimo não for visto em uma dimensão de relacionamento e gratidão a Deus de quem tudo recebemos, será um ato vazio e sem expressão.
A Esmola é o socorro que se presta ao irmão necessitado e se o dízimo não contemplar a dimensão social – ou seja – se não visar também a caridade fraterna que atende aos irmãos desprovidos de recursos na comunidade então será também um dízimo sem raízes na caridade.
A Quaresma é um período rico de reflexões que devem nos levar a uma consciência de nossos atos para que não sejam meras repetições automáticas sobre as quais, com o passar do tempo, acabamos por esquecer o verdadeiro sentido.
Na Quaresma refletimos sobre a nossa vida – quem somos e o que fazemos, como nos relacionamos com Deus, com o irmão, com a natureza e conosco mesmos. Sendo que neste ano a Campanha da Fraternidade nos provoca a refletirmos sobre a nossa Casa Comum, a situação do nosso planeta.
Podemos incluir o Dízimo em nossa reflexão para que sejamos dizimistas conscientes sobre a nossa co-responsabilidade fraterna na comunidade, na família, na sociedade.
Que, pela intercessão dos santos – dignas testemunhas do Ressuscitado, – especialmente durante a Quaresma, saibamos refletir reta e piedosamente sobre os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo e mergulhemos cada vez mais no mistério do ‘Amor mais forte do que a morte’ Ct 8,6 e que se doa sem cessar, embora tantas vezes não seja amado.
Caro paroquiano (a)! Pedindo a Deus as graças nesta Quaresma lhe concedo a benção: O Senhor o abençoe e o guarde! O Senhor lhe mostre a sua face e se compadeça de você! Volte o seu rosto e lhe dê a Paz! (Nm 6,24-27). A benção do Deus todo-poderoso: Pai, Filho e Espírito Santo. Amém! O Senhor conta contigo, eu também!
Padre Flávio Feler