Não tem muito que celebramos o Ano Santo da Misericórdia, proclamado em dezembro de 2015 pelo Papa Francisco através da bula Misericordiae vultus e encerrado em novembro de 2016.
Tudo na vida é fruto da misericórdia que Deus gratuitamente exerce sobre nós. Felizes são os que estão conscientes disso e se tornam um canal, pelo qual essa misericórdia do Pai alcança o próximo. A grande realidade e maravilha da misericórdia divina é o perdão que Ele oferece para os nossos pecados.
A misericórdia de Deus é sempre maior do que o pecado! Ninguém como Ele tem esta sensibilidade pelas misérias e infelicidades dos seres humanos. Em Lucas 6, 36 nos deparamos com um pedido de Jesus: “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso”. Como exercer esta misericórdia? Seguir os passos de Cristo é o melhor caminho. Jesus é o rosto da misericórdia do pai e esta misericórdia divina é “o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro”.
Na bula que proclamou o jubileu extraordinário da misericórdia, o papa Francisco afirma que, “em suma, a misericórdia de Deus não é uma ideia abstrata, mas uma realidade concreta, pela qual Ele revela o seu amor como o de um pai e de uma mãe pelo próprio filho”. Desta forma, é oportuno rememorar que a Igreja pede que exerçamos obras concretas de misericórdia, não só no ano extraordinário que fora proclamado, mas a todo momento de nossas vidas, e isso porque as obras de misericórdia fazem com que encontremos e penetremos plenamente no coração do Evangelho. As obras de misericórdia são 14. Estas podem ser exercidas em nível corporal e espiritual.
São obras de misericórdia corporais: 1) Dar de comer a quem tem fome; 2) Dar de beber a quem tem sede; 3) Vestir os nus; 4) Dar pousada aos peregrinos; 5) Visitar os enfermos; 6) Visitar os presos; 7) Enterrar os mortos.
As obras de misericórdia espirituais são: 1) Dar bons conselhos; 2) Ensinar os ignorantes; 3) Corrigir os que erram; 4) Consolar os tristes; 5) Perdoar as injúrias; 6) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; 7) Rezar a Deus pelos vivos e defuntos.
O segundo domingo da Páscoa é o Domingo da Misericórdia. Este foi proclamado por São João Paulo II, que outrora em sua encíclica Dives in Misericordia afirmou: “A Igreja vive uma vida autêntica quando professa e proclama misericórdia, o mais admirável tributo do Criador e do Redentor, e que aproxima os homens das fontes da misericórdia do Salvador, das quais ela é depositária e dispensadora”.
Peçamos à Virgem Maria, mãe de Jesus e mãe da Misericórdia, que nos alcance tão precioso dom. Que ela nos ajude a ser dignos de contemplar o rosto da misericórdia do seu filho Jesus.
Salve Rainha, MÃE DA MISERICÓRDIA!
Pe. Jair José Pereira
Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo – Coqueiros/Florianópolis
Artigo publicado no Jornal da Arquidiocese de Florianópolis em abril de 2020